condenado a saber/
pela experiência amarga/
insidioso ofício de tornear tormentos/
o que as palavras querem dizer/
e o que elas [ atoleimadasindomáveiscaixaspretas
jamais dizem?
condenado a censurar zilhões de palavras/
temeroso que apenas uma palavra [ insuspeita
inserida no lugar de outra palavra [ também insuspeita
ou a mesma palavra [ desafetada
enovelada no carretel d’uma frase [ concatenada
possa trair meu pensa(senti)mento/
me delatando a existência/
revelando minha identidade/
/ tabulando minha história
/ mal contada?
condenado a reinar sobre reinos silenciosos/
silenciando ecos de palavras com falso pudor/
exagerando impossibilidades de amar, rir, sonhar, recordar, conviver e,
como simples mortal,
acolher a morte?
à bordo d’uma garrafa de bom rum, navego fascinação
contemplação
sedução
paixão… emoção!...
"estou" escritor?!?!...
inverno - 1978
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