devagarinho
que a mãozinha
da criança silenciosa/
brutalizada pela vida/
teima em te desenhar, colorir, recortar, colar, amassar,
recortar, reconstruir, recortar, encaixar,
modelando-te no quebra-cabeças
mais crepuscular que a ficção pode idear…
e o pequeno mestre do mundo etéreo
quer suplantar as nuvens estanques
transcender conceitos de vida
e morte
abolindo os caminhos cruéis
que conduzem à sobrevivência ou ao aniquilamento…
andorinha, voa devagarinho
sobre as torpes mazelas
da sociedade planetária…
voa sobre pálidas flores voa sobre esdrúxulos horrores voa sobre corpos decompostos voa sobre os antigos encantos do sol intenso [que o desenho - vertiginoso
no tempo real do átomo - fissurado
anuncia o porvir d’um mundo - imaculado!
aeróbica - 1989
Nenhum comentário:
Postar um comentário