à mordida traiçoeira da língua que quase confessa
quem há de dizer o asco que lhe assoma
quando, dentre as delatoras trevas, tudo arremessa
e blasfema e grita - bramidos de ódio e revolta?
dos outros homens à cumplicidade agarrado
quanta dor e humilhação havia eu exagerado
quanto clamor no mundo havia eu personificado
se tudo uivava, delirava, destroçava e morria à minha volta?
em meu lamento eu reiterava todos os lamentos /
cuspia em olhos inclementes e bocas estranhas/
sofria sevícias e castigos violentos…
somente o pau-de-arara me libertava na pluridimensão do espaço.
apenas choques elétricos alimentavam minhas entranhas.
nem sei se vomitava muco, sangue, cacos de vidro ou aparas de aço!...
de tempos - 17.12.2019
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