domingo, 30 de outubro de 2022

" do cárcere "

 

à mordida traiçoeira da língua que quase confessa

quem há de dizer o asco que lhe assoma

quando, dentre as delatoras trevas, tudo arremessa

e blasfema e grita - bramidos de ódio e revolta?




dos outros homens à cumplicidade agarrado

quanta dor e humilhação havia eu exagerado

quanto clamor no mundo havia eu personificado

se tudo uivava, delirava, destroçava e morria à minha volta?




em meu lamento eu reiterava todos os lamentos /

cuspia em olhos inclementes e bocas estranhas/

sofria sevícias e castigos violentos…




somente o pau-de-arara me libertava na pluridimensão do espaço.

apenas choques elétricos alimentavam minhas entranhas.

nem sei se vomitava muco, sangue, cacos de vidro ou aparas de aço!... 




de tempos - 17.12.2019



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