amo as palavras/ amo suas impossibilidades [ e exequibilidades
seus significados únicos [ e múltiplos
amo suas amorfias, seus acordes celestiais [ e profanos
suas sentenças de morte [ e de vida
seus mundos róseos [ e malditos
suas histórias humanas grafadas em sangue
suas histórias grafadas em rocha, suas histórias pré-gráficas…
amo cada palavra ousada
amo sua construção na mente do homem primata
sua construção no raciocínio de Deus
sua manifestação física provinda d’um Verbo que se fez Carne
sua manifestação imaterial que provê imortalidade…
amo a palavra mais pura que nomeia as demais palavras
a palavra mais puta e aquela que tudo de mais ruim diz
a palavra mais bruta a mais abrupta a mais feia e a mais bela...
amo as palavras singelas, amo as palavras forjadas no nada
amo as palavras presumidas no tudo
amo as palavras matematizadas
as informatizadas as desumanas as escatológicas...
as descartáveis, as tradicionais, as impensáveis,
as cancerígenas, as parricidas, as aurelianas,
as ingratas palavras [ completas e exatas como máquinas
as palavras púberes as exacerbadas as metafóricas as rebuscadas e as canhestras
os protótipos de tantas imperfeições [ humanas?!?!...
amo as palavras promíscuas, os lerdos comboios de palavras
as censuras ásperas a que são submetidas
o tupi-guarani e as línguas mortas...
amo “esta” efemeridade, majestosa, de transcender cada palavra
[ em efervescente cognição!
UNIT - 05.01.2004
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