doce garota minha
que destino lhe reserva a vida
escrito em sânscrito
em aramaico
e em caracteres cuneiformes
nos alongamentos das trompas [ absurdas
circunvagando a auréola do seu ovário?
supérfluas railways esquadrinham a imensidão
células cancerosas me detonam a razão
lutas inglórias devastam a população
órfãos letárgicos esqueceram a letra da canção
drogas espúrias deturpam qualquer sensação
sexo virtual/ covarde/ não admite penetração
mas a doce garota é minha adoração!...
e lhe beijo e lhe abraço e lhe afago
e lhe mimo e lhe compro [ e me vendo
e lhe enclausuro e lhe liberto [ e me mato
e lhe filio e lhe desfilio [ e me adoto
e lhe procuro e lhe encontro [ e me esqueço
e lhe sabatino e lhe semeio [ e me violento
e a civilização/ despreparada/ lhe destrói!...
doce garota minha
que não era a supremacia do meu esperma
que não era a divindade d’um óvulo [ abortado
que não era lúcido zigoto [ por partenogênese originado
que não foi sonho puro [ na realidade vingado
que não foi castidade de bordel [ inocência intocada
que não foi mais uma alma perdida [ na Geena deteriorada...
doce garota… minnnnnnnnnnha?
degeneração - 1995
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